terça-feira, 21 de abril de 2009

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Em Abril, em Praga e nas florestas à volta, as faias estão a vestir-se. Consoante o local, abrigado ou frio, soalheiro ou sombrio, assim a fase. Em algumas árvores, apenas nas pontas dos ramos as folhas despontam formando casulos pontiagudos. Noutras, as folhas abrem-se , quase translúcidas de tão finas e de um verde brilhante. As nervuras são salientes fazendo um relevo muito gráfico na superfície inferor e o rebordo esbate-se levemente numa ideia de penugem. Quando já mais desenvolvida, a copa sobe ramo a ramo, em patamares que se abrem em planos horizontais. E na floresta mais densa, em fundo de coníferas escuras, as faias brilham, leves e brilhantes, o verde a luzir nos troncos e ramos quase pretos.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

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Muitas das ruas de Lisboa têm lódãos. Lódão bastardo, de nome completo, Celtis australis de nome cientifico. São árvores que crescem rápido, sem grandes problemas e resistentes à poluição. Um valor seguro para os jardineiros urbanos... Ainda estão bonitas agora. As copas desenvolvem-se rapidamente no início da primavera, fartas, com folhas tenras de um verde claro luminoso. Quando estão seguidas, nas duas margens da rua, formam uma espécie de túnel frondoso. O sentimento é de exuberância e no verde claro imagina-se o azul e o sol, os passeios e o riso. Mas é breve. As folhas escurecem, o verde torna-se carregado e baço, a copa uniforme e monótona. Sombra densa, a lembrar cavernas. O tronco cinzento, uma casca sem graça, de céu carregado.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

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As laranjeiras são árvores simpáticas. Despretensiosas e alegres. A copa é farta, com formas arredondadas e as folhas bem verdes, com uma cor forte e brilhante. Não há delicadezas de tons tenros nem limbos frágeis. As flores são sólidas, pequenas e discretas, ah mas tão cheirosas. Passear à noite em Sevilha, a roubar os aromas dos pátios e jardins... E depois os frutos, e fica o verde polvilhado de pequenos sóis.
As laranjeiras são como jovens risonhas, cabelos negros e dentes a espreitar, um fio de música alegre no brilho dos olhos.